quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Cristiano Ronaldo Uma década depois, ele é a selecção nacional

Passam hoje dez anos sobre a estreia de Cristiano Ronaldo com a camisola da selecção portuguesa. O miúdo que saltou do banco naquele jogo em Chaves tornou-se a maior figura da equipa
Durão Barroso chefiava um Governo que já não duraria mais de um ano, com a saída do então primeiro-ministro para assumir a presidência da Comissão Europeia; o mundo digeria a morte do representante da ONU no Iraque, Sérgio Vieira de Mello, vítima de um ataque terrorista que vitimou mais 19 pessoas; as estatísticas do Pordata mostram que a taxa de desemprego era de 6,3% e a dívida directa do Estado em percentagem do PIB estava nos 58,1%. Estávamos a 20 de Agosto de 2003. E, em Chaves, a selecção portuguesa venceu o Cazaquistão (1-0) em jogo particular.
Seria mais uma partida sem história, não fosse ter proporcionado a estreia pela equipa nacional de um adolescente chamado Cristiano Ronaldo. O miúdo fez-se um homem e, passados dez anos, conta 105 internacionalizações e 40 golos (apenas três de grande penalidade) - está só a um de Eusébio e a sete de Pauleta, ainda o melhor marcador da história da selecção.
Nessa noite amena, em Chaves, Cristiano Ronaldo foi lançado por Luiz Felipe Scolari no início da segunda parte. Acabado de se mudar para o Manchester United, o futebolista madeirense entrou para o lugar de Rui Costa. E mereceu destaque na crónica do jogo que saiu no PÚBLICO no dia seguinte: "Ao intervalo, Scolari fez quatro substituições.
Entrou em cena Cristiano Ronaldo, que não demorou muito a dar uma alegria ao público, com uma das suas típicas arrancadas. Vários adversários ficaram para trás e a nova estrela do Manchester United fechou o seu "slalom" com um tiro, que o guarda-redes Novikov deteve com dificuldade, enviando a bola para canto."
E assim começava a caminhada de Cristiano Ronaldo com a camisola das quinas. A equipa nacional rapidamente se tornou Cristiano Ronaldo e mais dez: seria suplente utilizado em outras nove ocasiões, e nos restantes 95 encontros foi titular (sendo que jogou 60 deles até ao apito final do árbitro). Entrou pela primeira vez em campo com a braçadeira de capitão a 6 de Fevereiro de 2007, num jogo de preparação contra o Brasil, disputado em Londres, que Portugal venceu por 2-0.
O primeiro golo de Cristiano Ronaldo pela selecção só surgiria à oitava partida. Depois de ter participado em sete jogos de preparação, o internacional português foi suplente utilizado frente à Grécia, no jogo de abertura do Euro 2004. E marcou, já no período de compensação, o golo de honra da equipa nacional na derrota (1-2) com os gregos, que viriam a sagrar-se campeões europeus.
O futebolista do Real Madrid tem mostrado apetência para marcar na recta final dos encontros da selecção nacional: soma nove golos no último quarto de hora, a que se juntam dois no tempo extra.
Entre os adversários com mais razões de queixa de Cristiano Ronaldo destaca-se a Holanda: a selecção "laranja" sofreu quatro golos do futebolista do Real Madrid - o último dos quais há uma semana, num encontro particular disputado no Algarve (1-1). Na lista dos adversários preferidos de Cristiano Ronaldo segue-se o Luxemburgo, com três golos sofridos.
Há um grupo de dez selecções às quais o português apontou dois golos e outras 13 sofreram um. 27 adversários escaparam incólumes a Cristiano Ronaldo.
À procura da sexta fase final
O Campeonato Europeu organizado por Portugal representou a primeira de cinco fases finais de grandes competições que Cristiano Ronaldo já disputou pela selecção - esteve no Euro 2004, Mundial 2006, Euro 2008, Mundial 2010 e Euro 2012. Se tudo correr bem, a próxima será o Mundial 2014, no Brasil.
De resto, dois terços das internacionalizações de Cristiano Ronaldo nestes dez anos foram em jogos "a doer" - ou seja, de fases finais ou apuramento para competições internacionais. As restantes 35 correspondem a jogos de preparação.
Há vários adversários aos quais Cristiano Ronaldo nunca marcou nem nunca ganhou. Entre aqueles que defrontou mais de uma vez, destacam-se os casos da Alemanha (três derrotas), Inglaterra e Suécia (três empates) e Sérvia e Irlanda do Norte (dois empates).
Scolari foi o técnico que mais jogos ganhou com o futebolista madeirense na equipa. Mas o registo goleador de Cristiano Ronaldo melhorou consideravelmente com Paulo Bento: nos 29 encontros em que foi orientado pelo ex-treinador do Sporting, o jogador do Real Madrid apontou 17 golos. No extremo oposto está o consulado de Carlos Queiroz - apenas dois golos apontados nos 18 jogos em que participou.
O mais jovem de sempre a atingir os 100 jogos por Portugal (em Outubro do ano passado), Cristiano Ronaldo já conta 105 jogos e só está atrás de Fernando Couto (110) e Luís Figo (127) na tabela dos futebolistas com mais partidas pela selecção nacional. Não há-de faltar muito para assumir a liderança. Só continua a faltar um troféu.

em: publico.pt

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