Passam hoje dez anos sobre a estreia de Cristiano Ronaldo com a
camisola da selecção portuguesa. O miúdo que saltou do banco naquele
jogo em Chaves tornou-se a maior figura da equipa
Durão Barroso chefiava um Governo que já não duraria mais de um ano,
com a saída do então primeiro-ministro para assumir a presidência da
Comissão Europeia; o mundo digeria a morte do representante da ONU no
Iraque, Sérgio Vieira de Mello, vítima de um ataque terrorista que
vitimou mais 19 pessoas; as estatísticas do Pordata mostram que a taxa
de desemprego era de 6,3% e a dívida directa do Estado em percentagem do
PIB estava nos 58,1%. Estávamos a 20 de Agosto de 2003. E, em Chaves, a
selecção portuguesa venceu o Cazaquistão (1-0) em jogo particular.
Seria
mais uma partida sem história, não fosse ter proporcionado a estreia
pela equipa nacional de um adolescente chamado Cristiano Ronaldo. O
miúdo fez-se um homem e, passados dez anos, conta 105
internacionalizações e 40 golos (apenas três de grande penalidade) -
está só a um de Eusébio e a sete de Pauleta, ainda o melhor marcador da
história da selecção.
Nessa noite amena, em Chaves, Cristiano Ronaldo foi lançado por Luiz
Felipe Scolari no início da segunda parte. Acabado de se mudar para o
Manchester United, o futebolista madeirense entrou para o lugar de Rui
Costa. E mereceu destaque na crónica do jogo que saiu no PÚBLICO no dia
seguinte: "Ao intervalo, Scolari fez quatro substituições.
Entrou em cena Cristiano Ronaldo, que não demorou muito a dar uma
alegria ao público, com uma das suas típicas arrancadas. Vários
adversários ficaram para trás e a nova estrela do Manchester United
fechou o seu "slalom" com um tiro, que o guarda-redes Novikov deteve com
dificuldade, enviando a bola para canto."
E assim começava a caminhada de Cristiano Ronaldo com a camisola das
quinas. A equipa nacional rapidamente se tornou Cristiano Ronaldo e mais
dez: seria suplente utilizado em outras nove ocasiões, e nos restantes
95 encontros foi titular (sendo que jogou 60 deles até ao apito final do
árbitro). Entrou pela primeira vez em campo com a braçadeira de capitão
a 6 de Fevereiro de 2007, num jogo de preparação contra o Brasil,
disputado em Londres, que Portugal venceu por 2-0.
O primeiro golo de Cristiano Ronaldo pela selecção só surgiria à oitava
partida. Depois de ter participado em sete jogos de preparação, o
internacional português foi suplente utilizado frente à Grécia, no jogo
de abertura do Euro 2004. E marcou, já no período de compensação, o golo
de honra da equipa nacional na derrota (1-2) com os gregos, que viriam a
sagrar-se campeões europeus.
O futebolista do Real Madrid tem mostrado apetência para marcar na
recta final dos encontros da selecção nacional: soma nove golos no
último quarto de hora, a que se juntam dois no tempo extra.
Entre os adversários com mais razões de queixa de Cristiano Ronaldo
destaca-se a Holanda: a selecção "laranja" sofreu quatro golos do
futebolista do Real Madrid - o último dos quais há uma semana, num
encontro particular disputado no Algarve (1-1). Na lista dos adversários
preferidos de Cristiano Ronaldo segue-se o Luxemburgo, com três golos
sofridos.
Há um grupo de dez selecções às quais o português apontou dois golos e
outras 13 sofreram um. 27 adversários escaparam incólumes a Cristiano
Ronaldo.
À procura da sexta fase final
O Campeonato Europeu organizado por Portugal representou a primeira de
cinco fases finais de grandes competições que Cristiano Ronaldo já
disputou pela selecção - esteve no Euro 2004, Mundial 2006, Euro 2008,
Mundial 2010 e Euro 2012. Se tudo correr bem, a próxima será o Mundial
2014, no Brasil.
De resto, dois terços das internacionalizações de Cristiano Ronaldo
nestes dez anos foram em jogos "a doer" - ou seja, de fases finais ou
apuramento para competições internacionais. As restantes 35 correspondem
a jogos de preparação.
Há vários adversários aos quais Cristiano Ronaldo nunca marcou nem
nunca ganhou. Entre aqueles que defrontou mais de uma vez, destacam-se
os casos da Alemanha (três derrotas), Inglaterra e Suécia (três empates)
e Sérvia e Irlanda do Norte (dois empates).
Scolari foi o técnico que mais jogos ganhou com o futebolista
madeirense na equipa. Mas o registo goleador de Cristiano Ronaldo
melhorou consideravelmente com Paulo Bento: nos 29 encontros em que foi
orientado pelo ex-treinador do Sporting, o jogador do Real Madrid
apontou 17 golos. No extremo oposto está o consulado de Carlos Queiroz -
apenas dois golos apontados nos 18 jogos em que participou.
O mais jovem de sempre a atingir os 100 jogos por Portugal (em Outubro
do ano passado), Cristiano Ronaldo já conta 105 jogos e só está atrás de
Fernando Couto (110) e Luís Figo (127) na tabela dos futebolistas com
mais partidas pela selecção nacional. Não há-de faltar muito para
assumir a liderança. Só continua a faltar um troféu.
em: publico.pt
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